A arte educação resiste: como construir uma educação libertadora diante das perseguições da onda conservadora

Continuando a postar minhas publicações aqui no blog, esta é uma comunicação que escrevi com um amigo, Leonardo Caron, para o IX Fala Outra Escola, evento da Faculdade de Educação da Unicamp, em 2019.

A arte educação resiste: como construir uma educação libertadora diante das perseguições da onda conservadora

Resumo: Este trabalho analisa a ascensão do conservadorismo na educação, que se manifesta principalmente através do projeto Escola sem Partido e na perseguição de professoras/es, usando como justificativa uma posição contrária a uma doutrinação ideológica baseada em “ideologia de gênero” e “marxismo cultural”, atacando também o patrono da educação, Paulo Freire. A seguir, apontamos como a arte-educação pode se posicionar como um instrumento de resistência, pois a Arte, dentre as áreas de conhecimento, possui um grande potencial para questionar a realidade e permitir a livre expressão das/os estudantes. Por isso a Arte também vem sofrendo perseguições, ou melhor dizendo, alguns tipos de Arte; existe uma estética artística que é considerada legítima, que tende a ser uma estética eurocêntrica apreciada pelas classes dominantes. O fazer artístico que foge desses padrões, notadamente aquele que é transgressor e gera incômodo em pessoas conservadoras, é alvo de ataques e deslegitimado. Podemos citar como exemplo o cancelamento da exposição Queer Museum após manifestações de grupos como o Movimento Brasil Livre. Dentro de uma escola libertadora, a arte-educação deve ser usada para trazer questionamentos e possibilitar a busca por respostas, de forma inclusiva. Isso implica em acolher a diversidade, oferecendo um ambiente plural para discussões, além do que acontece junto à família. Para que isso seja possível, professoras/es precisam ter liberdade para abordar conteúdos transversais sem sofrer perseguições. Após passar por alguns exemplos do cotidiano, finalizamos com reflexões sobre a importância de reconhecer o ensino da arte-educação e do fazer artístico como forma não só de resistência ao conservadorismo, mas de mudança da realidade a partir da valorização da diversidade e da possibilidade de se expressar em um momento em que tanto querem nos calar.

Palavras-chave: ​ Arte-educação; Escola sem Partido; educação libertadora.

Baixe em pdf.

Para citar:

CARON, Leonardo Cecílio; KAWAGUCHI CESAR, Patricia. A arte-educação resiste: como construir uma educação libertadora diante das perseguições da onda conservadora. In: IX FALA Outra ESCOLA, 2019, Campinas. Anais… Campinas: Unicamp, 2019.


Mini-curso gratuito: Educação musical, gênero e sexualidade

Olá! É com muita alegria que divulgo que na próxima quarta-feira, dia 25/04, eu e o querido amigo Hugo Romano Mariano ministraremos no XI Encontro de Educação Musical da Unicamp o mini-curso Educação musical, gênero e sexualidade.

Ele acontecerá das 19 às 21hs na sala 22 do Instituto de Artes. Será gratuito e aberto ao público, é só chegar! Caso queira participar das demais atividades do encontro, você pode consultar a programação aqui e realizar a sua inscrição no próprio evento. As inscrições virtuais terminam amanhã, dia 23/04.

Segue a sinopse do nosso mini-curso:

O mini-curso tem o objetivo de apresentar uma análise e descrição interdisciplinar dos conceitos de gênero e sexualidade amalgamados à educação musical a partir das perspectivas pós-estruturalista, da sociologia da música e dos estudos queer. Tal proposta traz uma reflexão sobre as três atividades principais na música – compor, ouvir e tocar – que, por sua vez, são entremeadas pelo estudo da história da música e pela aquisição de habilidades onde as poéticas musicais e práticas sociais estão envolvidas por uma reflexão sobre educação musical diante da diversidade.

Nesta perspectiva serão explicitados dados de pesquisa que mostra como educação musical, em contexto de educação formal, é elemento importante da construção das identidades de gêneros dos sujeitos. Será feita uma reflexão sobre como as crianças pequenas, em seus processos de apropriação da música, constroem os significados inerentes e delineado avaliados a partir da categoria de gênero, sob o prisma da noção de dominação masculina.

Após a exposição teórica, será proposta uma reflexão ativa sobre como as questões de gênero e sexualidade se fazem presentes no cotidiano escolar, dentro e fora da sala de aula. Faz sentido pensar nessas questões na aula de música? Como a/o docente pode atuar na tentativa de desconstruir estereótipos de gênero e preconceitos? Qual a importância do repertório de atividades para auxiliar nesse trabalho? Esta etapa da oficina será feita a partir de uma troca de experiências, vivências e questionamentos.

Na verdade nós pretendemos fazer menos exposição e mais diálogo, então vai ser muito participativo. Vem, gente!

Fico particularmente feliz por estar neste mini-curso com o Hugo porque, como sempre gosto de lembrar, foi ele que me fez começar a refletir sobre questões de gênero na prática educativa, durante as oficinas de musicalização onde atuamos juntos. Sim, a culpa é toda dele!!! :)

Até lá!


Por um Cotuca melhor

(O post está atrasadíssimo mas acho que nunca é tarde pra registrar, né?) Mês passado, no dia 15 de setembro, aconteceu um caso de homofobia por parte de um funcionário do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) e da orientadora do Serviço de Orientação Educacional (SOE). O funcionário encaminhou dois estudantes ao SOE por considerar que eles estavam demonstrando afeto de forma exagerada. De acordo com outros estudantes, havia casais heterossexuais se comportando de forma semelhante mas apenas o casal homossexual foi repreendido. A orientadora disse que entraria em contato com as famílias dos estudantes para relatar o que aconteceu. Esse caso causou uma grande comoção entre estudantes do Cotuca, pois o casal não é assumido e é do entendimento de todas e todos que o Colégio não deveria contar para suas famílias, pois assumir sua orientação sexual é uma decisão particular que não deve ser tomada por terceiros.

porumcotucamelhor

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Curso gratuito sobre cinema e gênero na Unicamp

Oi! Estou passando para divulgar um curso de extensão gratuito (em inglês) que acontecerá na Faculdade de Educação da Unicamp em agosto. O nome do curso é Geohumanities and gender studies: films as an emancipation tool and power representation e será oferecido pela professora Rosa Cerarols entre os dias 08 e 26 de agosto, com aulas nos dias 08, 09, 10, 15, 16, 17, 22, 23, 24 e 26, sempre no período das 19 às 22 horas.

O programa será:

  • Geohumanities, Films and Gender Studies. Backgrounds and personal introduction
  • From Hollywood to Nollywood through Bollywood Films. An international overview from a global film production and consumption perspective
  • Social and oppressed geographies. Charles Chaplin, Ken Loach and Fernando León de Aranoa films
  • Black and white emotional cosmogeographies: BélaTarr and Albert Serra films
  • WimWenders. Traveling European and American Landscapes
  • Women, men and gender. Pedro Almodóvar and Isabel Coixet Films
  • Feminist Manifestos. From Alice Guy to Chantal Akerman
  • Tchindas. A Cabo Verde’s example of no normative gender and sex construction
  • Documentaries and Subaltern voices. Local and global narratives
  • Geohumanities, Films and Gender Studies. Top-down and bottom-up interactions and futures perspectives

Inscrições na Extecamp; os participantes receberão certificado. São 40 vagas.

Queria fazer o curso mas não tenho essa disposição de horário por causa do trabalho… :(


A nossa luta é todo dia

A nossa luta é todo dia. A escadaria pintada da Faculdade de Educação me inspira cada vez que subo os degraus. Mas não é uma luta fácil. É uma luta que dói. Muito.

nossalutaetododia

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Os ataques racistas na Unicamp

O racismo infelizmente ainda é uma realidade no cotidiano das(os) negras(os) e indígenas. Ele anda juntinho com a homofobia e o machismo, são melhores amigos. Em geral eles se disfarça, mas recentemente estão acontecendo ataques abertos e explícitos em pichações na Unicamp. E nós não podemos nos calar diante disso.

racismo
Vai ter negrxs na Unicamp, sim! PELAS COTAS JÁ!

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E a família?

Se você não se escondeu em um buraco sem internet nos últimos dias, deve ter ficado sabendo que foi aprovado o Estatuto da Família. O problema é que de acordo com esse estatuto a definição de família é a união de um homem com uma mulher ou a comunidade formada por qualquer um dos pais com os filhos. Como assim? Em que mundo essas pessoas vivem?

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Talk Show: Arte da cidadania LGBT

Olá, pessoal! Estou postando hoje para divulgar um evento que vai acontecer no dia 27 de agosto no auditório do Instituto de Artes e está sendo organizado pelo meu amigo querido, Hugo. É um show de entrevistas e mostra de arte com a participação da plateia. Ele me enviou o release, que vou colocar abaixo.

capa 1

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