Em setembro foi publicado pela Editora CLAEC (Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura) o livro “Manifestações culturais e arte-educação na América Latina”, que tem o meu artigo “Por uma abordagem anticolonialista da educação musical: sobre a violência da catequização e a necessidade de valorizar a cultura indígena”!
Defender uma abordagem anticolonialista é denunciar a violência que aconteceu durante os processos de colonização no mundo inteiro. Aimé Césaire, em “Discursos sobre o colonialismo”, afirma que “a Europa tem contas a prestar perante a comunidade humana pela maior pilha de cadáveres da história” (1978, p. 28). As consequências se perpetuam até hoje: basta ver as mortes de indígenas durante a pandemia, assassinatos por causa da grilagem, a luta por território… Na educação, trata-se de não romantizar a invasão do Brasil nem perpetuar estereótipos sobre indígenas (a atividade de fazer um cocar…). A dominação cultural do eurocentrismo também é uma forma de violência simbólica.
Resumo: Este artigo faz uma revisão da literatura para problematizar visões comuns sobre o processo de catequização dos povos indígenas, tecendo críticas sobre a violenta imposição da cultura europeia juntamente à repressão da cultura indígena, processo que faz parte da construção da colonialidade do saber e que resulta no eurocentrismo presente em diversos campos do conhecimento até hoje. Por fim, mostra exemplos de como a educação libertadora pode ser usada para conscientizar estudantes ao desconstruir essas visões colonialistas, inspirando-se também na educação do campo para escovar a História a contrapelo, mostrando o ponto de vista dos oprimidos e não dos opressores.
Palavras-chave: educação musical; música indígena; história a contrapelo; educação libertadora.
Para citar:
KAWAGUCHI, Patricia. Por uma abordagem anticolonialista da educação musical: sobre a violência da catequização e a necessidade de valorizar a cultura indígena. In: CRUZ, Fernando Vieira. Manifestações culturais e arte-educação na América Latina. Foz do Iguaçu: CLAEC e-books, 2021. p. 90-103.