Olá, pessoal. Aconteceu tanta coisa na Unicamp que parece que a última semana teve uns 20 dias. Vou continuar com os informes e acrescentar vídeos e notícias.
Na terça-feira aconteceu uma assembleia geral dos estudantes da Unicamp, que juntou mais de 1000 pessoas no ciclo básico. No momento da votação, com quase 5 horas de assembleia (ou seja, muita gente já tinha ido embora por estar ficando tarde) foi feita uma contagem e havia 769 pessoas. Essa assembleia deliberou greve geral com ocupação imediata da reitoria. Ou seja, após a assembleia, os estudantes sairam em ato até a reitoria, que permanece ocupada até hoje.
Após a assembleia do DCE, vários institutos convocaram assembleia e estão tirando greve ou paralisação. As exatas paralisaram. O IMECC (Matemática), IFGW (Física) e IQ (Química) deliberaram paralisação de 2 dias com piquete. Na quinta e sexta aconteceu um piquete histórico em que o prédio do Ciclo Básico (onde esses cursos têm boa parte das aulas) foi fechado pela primeira vez, para que os alunos pudessem participar das atividades: roda de conversa sobre mulheres na ciência, debate sobre a média 7, conversa sobre a criminalização do movimento estudantil, entre outros. Eu estava no piquete do CB e gravei um videozinho (mais pra pegar a música que o piquete, na verdade).
Claro que muitas pessoas não concordam com a greve e queriam ter aula, mas antes de tudo as decisões coletivas deveriam ser respeitadas. Além disso, acho muito triste que as pessoas acham que na universidade só aprendem em salas de aula. Por exemplo, na sexta da semana passada (dia 06) fui em uma aula aberta sobre cotas raciais promovido pelo IFCH e aprendi muito, inclusive saí de lá e fui direto para a biblioteca pegar livros de literatura africana. Também é legal porque essas atividades conjuntas da greve promovem uma interação maior entre os cursos, conheci gente do IFCH, IEL, FE, IFGW… E convenhamos que é muito fácil falar que apoia o movimento mas quer ter aula. É muito fácil você continuar na sua aula como se nada estivesse acontecendo e depois voltar pra casa com sua família ou que sua família paga, enquanto tem gente que não tem onde dormir, tem gente que não tem dignidade pra estudar. Isso não tá certo. E não vai ser com paciência, com conversas com o reitor, que será resolvido. Já tentamos conversar. Inclusive no evento de aniversário da FEA, em que entramos no auditório e fizemos várias perguntas para o reitor e ele só disse que conversará no momento apropriado. (nunca é o momento apropriado)
Infelizmente não é na base da conversa que se consegue as coisas. A moradia da Unicamp só foi conseguida depois que os estudantes da época ficaram 2 anos (DOIS ANOS) ocupando o prédio do Ciclo Básico. Você consegue imaginar as pessoas vivendo 2 anos no CB porque não tinham onde morar? Mesmo assim a moradia já foi construida para atender metade das vagas necessárias e nunca teve ampliação. Algumas casas simplesmente desabaram. O projeto é para quatro pessoas por casa, mas muitas casas estão com cinco pessoas e ao invés de ampliar, a reitoria quer oficializar as cinco pessoas por casa. (edit: saiu uma nota da Ocupação informando melhor com números concretos e tem casas com 7 pessoas morando. Confira aqui.) É fácil falar que aumentou o número quando só colocou mais gente nas casas lotadas e as pessoas não têm nem cama pra dormir, né?
O mote da greve (votado em assembleia) é: “Cotas sim, cortes não. Contra o golpe e pela educação, por permanência e ampliação“. Ontem aconteceu uma coletiva de imprensa e as minas explicaram muito bem cada ponto. Veja aqui o vídeo. Saiu também um vídeo por dentro da ocupação, que mostra que não há depredação nem vandalismo, está tudo organizado e há regras.
Falando na coletiva de imprensa, é bom apontar que saiu o mandato de reintegração de posse da reitoria, ou seja, a qualquer momento a PM pode aparecer lá. Veja e compartilhe a nota da Ocupação sobre isso! (E vale lembrar que a PM retirou os estudantes secundaristas das ocupações sem mandato.) A reintegração de posse saiu antes de qualquer negociação da reitoria com os estudantes; posteriormente a reitoria informou que negociará antes de efetivar a reintegração. Esperemos que isso seja cumprido.
Os estudantes da ocupação se comunicam pela página Ocupa Tudo Unicamp, no facebook. É melhor se informar por lá do que pela mídia golpista. Tá saindo muita informação errada nos sites do plim-plim… Além dessa página, também há a Transparência Unicamp, feita por estudantes de vários institutos e que tem como objetivo analisar e disponibilizar de forma clara os dados orçamentários da Unicamp. No próximo fim de semana, acontecerá o Hackaton de Transparência Orçamentária, iniciativa dos alunos da computação. Também tivemos o retorno do lindo Xavante, dos alunos do Instituto de Artes. Tem um vídeo excelente explicando os cortes, olha lá.
Informe da greve
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Estão em greve: IA (Instituto de Artes), FE (Faculdade de Educação), IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), Arquitetura, IEL (Instituto de Estudos da Linguagem), IG (Instituto de Geociências), ProFIS (Programa de Formação Interdisciplinar Superior).
Com paralisação: IFGW (Instituto de Física Gleb Wataghin), IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica), IB (Instituto de Biologia), FEQ (Faculdade de Engenharia Química), IQ (Instituto de Química), IE (Instituto de Economia), Enf (Enfermagem) e FEF (Faculdade de Educação Física)
Assembleias marcadas para semana que vem: FEEC (Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação), FEM (Faculdade de Engenharia Mecânica), ECA (Engenharia de Controle e Automação), FEAGRI (Faculdade de Engenharia Agrícola), FCM (Faculdade de Ciências Médicas), FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos), Farmacia, FEC (Faculdade de Engenharia Civil).
Além disso a Unesp de Franca e a USP decretaram greve geral.
Gente, acho que é isso. É muita informação, muita coisa acontecendo, tentei juntar tudo num post só então talvez tenha ficado meio confuso às vezes mas espero que ajude a acompanhar.
Até a próxima!