Estude um pouco de instrumento todo dia!

Oi! Antigamente (entenda-se: antes de começar o curso de Música na Unicamp) eu costumava estudar piano por horas seguidas. A tarde inteira, pelo menos 4 horas. (parece que já faz tanto tempo!) Quando comecei o curso de licenciatura (não falo “passei na universidade” porque antes eu fazia um curso noturno lá, ciência da computação), deixei de ter esse tempo disponível.

Apesar do curso ser integral, há muita disponibilidade de tempo livre justamente para o estudo do instrumento e das outras disciplinas mais práticas como rítmica, percepção, técnica vocal. Mas a licenciatura também precisa de tempo para estágio, leituras e praticamente todos os alunos trabalham dando aula. Então é muito raro ter uma manhã ou tarde só pra estudar. Como estava acostumada com isso, achava que nem valia a pena tocar só por meia hora e, quando me dava conta, ficava uma semana inteira sem encostar no piano. Resolvi mudar de estratégia, então.

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Estou tentando estudar um pouco todo dia. Com essa experiência, resolvi compartilhar algumas dicas e ideias para fazer isso render. Vale pra qualquer pessoa, quem só toca por hobby, quem é músico profissional ou aluno de música. (você se surpreenderia com o pouco tempo que alunos do curso de música têm pra estudar instrumento)

Vamos partir do princípio que é melhor tocar pelo menos meia hora por dia do que ficar a semana inteira sem tocar por achar, como eu achava, que se não puder ficar pelo menos 2 horas no instrumento não dá. Sei que é chato tocar pouco, quando você começa a se empolgar ter que parar pra seguir pra um compromisso ou fazer alguma tarefa, mas se é o que tem pra hoje, é o que tem pra hoje.

Vejo muitos amigos que deixam o instrumento de lado por meses porque estão estudando para concurso/vestibular/provas finais. A vantagem de estudar pouco é essa: meia hora não mata ninguém. Você não vai bombar aquela prova de cálculo III porque tocou meia hora de guitarra! Meia hora a menos no facebook/twitter/whatsapp é meia hora a mais no instrumento. Que tal?

Falando sobre mim, este semestre eu não tenho nenhuma aula na Unicamp às 8 da manhã, mas saio de casa quase todos os dias às 7 horas. Primeiro porque o trânsito é um pouco melhor nesse horário, consigo economizar meia hora parada nele. Aí também chego na Unicamp com tempo para estudar um pouco. Em casa, só tenho a tarde de quinta e sexta para estudar. Se acho que estudei pouco durante o dia ou não consegui, estudo à noite com o pedal de surdina. Nesse ponto quem tem um piano digital tem vantagem, mas é o que dá pra fazer no meu.

Algumas dicas mais pontuais agora:

Anote o que você toca: Eu sou a louca da agenda, anoto tudo nela, faço listas com as tarefas do dia etc. Mesmo que você não seja fã desse modelo, recomendo anotar o que você tocou durante o dia. É legal porque dá pra você fazer um balanço depois, ver quais peças deixou de estudar pra priorizar, marcar o andamento do metrônomo nas peças que está estudando com ele, ter uma noção do quanto estudou em cada dia, por exemplo. A Anna, minha amiga da percussão, anota o tempo de estudo diário. Me inspirei nela pra fazer isso. :)

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Toque o que mais te dá dificuldade: É super normal a gente não querer tocar aquela peça chata que nos faz arrancar os cabelos – todo mundo sempre tem uma nos estudos do momento. Aí a gente procrastina, procrastina, ela não melhora nada e continuamos empacados sem querer tocar. Supere isso! Se force a estudar pelo menos um pouquinho por dia, nem que seja um pedaço hoje, um pedaço amanhã.

Toque o que te deixa feliz!: Por outro lado, toque aquelas músicas que você já está tocando bem e vão te deixar feliz. Teve uma época de pouco tempo em que eu só tocava as peças que estava estudando e isso foi me deixando desanimada, porque quando me dei conta eu tinha deixado de tocar por prazer, tinha praticamente virado uma obrigação! Falei que não é pra procrastinar a peça chata, mas também não é pra deixar de tocar as legais. Procure o equilíbrio!

Estou sem o instrumento! E agora?: Eu tenho uma vantagem e uma desvantagem. Desvantagem: toco piano, não dá pra carregar meu instrumento pra todo lugar. Vantagem: Como estudo música, consigo estudar nos pianos da Unicamp ou da minha escola de música. Se você não tem como carregar o instrumento com você e por isso não consegue estudar nos períodos livres, sempre tem coisas que você pode fazer sem ele, para melhorar o que estiver estudando. Por exemplo, no momento estou estudando umas peças do Marlos Nobre que estão me dando a maior dor de cabeça porque o ritmo é muito quebrado e eu tenho dificuldade com isso. Estou passando o feriado na casa do namorado, onde não tem piano, mas trouxe as partituras para “bater o ritmo”. Também dá pra fazer solfejo melódico e/ou audiação (ler a melodia e “ouvi-la” internamente), se você tiver facilidade com isso. E, claro, ouvir gravações diversas das peças enquanto estiver no carro, ônibus, sem ter o que fazer. Isso melhora seu desempenho, de verdade!

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Grave-se!: Se escutar é muito importante. Às vezes quando tocamos não conseguimos prestar atenção em alguns detalhes, pode ser o ritmo, a dinâmica… Ao ouvir uma gravação, dá pra prestar mais atenção nisso, principalmente se você acompanhar com a partitura. Mas às vezes também é bom ouvir sem julgar, aprecie-se!!

Acho que essas são as minhas dicas. Espero que vocês se inspirem. Quem tiver alguma sugestão também é só falar! ヽ(‘ ∇‘ )ノ

Até a próxima!


3 Responses to Estude um pouco de instrumento todo dia!

  1. Ótima ideia de post, Patrícia. Tenho algumas coisas pra compartilhar.

    Uns poucos meses depois de começar a estudar piano, no início de 2012, eu comprei um caderno e comecei a planejar as minhas sessões de estudo. No decorrer da sessão eu ia anotando como tinha sido (velocidade que usei, quais compassos estavam dando mais problema, etc,) e assim que terminava uma já anotava o que faria na próxima.

    Só que esse lance de escrever com antecedência as sessões me fez cair no problema que você descreveu: eu vivia me convencendo que não ia dar tempo de fazer tudo o que tinha planejado e aí, quando via, tinha ficado uma semana sem tocar.

    Com o tempo fui melhorando as anotações e hoje planejo a sessão na hora em que vou começar. Eu vejo quanto tempo tenho disponível e planejo com base nele. Às vezes só os exercícios de escala, outras vezes uma ou duas músicas da próxima prova, em outra as músicas que já sei tocar. Mas cada vez mais tenho estudado com mais frequência. No final do mês, somando um monte de pequenos períodos, vi que estudei várias horas.

    Outra coisa que aprendi um jeito melhor de fazer foi o treino de leitura de partitura. Eu treino usando os dois livros teoria musical e solfejo que tenho. Antes eu escrevia também no meu caderno de planejamento quando estudar nos livros, quais páginas fazer, coisa e tal, e só. Agora eu carrego o livro sempre comigo. Quando estou sentado esperando o ônibus, ou numa sala de espera de consultório, aproveito para praticar a leitura.

    E vou lendo como se estivesse lendo um livro, não fico muito tempo em um único exercício. Antes eu só passava para o próximo quando conseguisse ler o exercício com perfeição, no tempo. Agora não: vai um atrás do outro, e não me importo porque, droga, li FÁ quando era LÁ. Estou achando melhor ler um monte mais ou menos do que ler dois com perfeição. Devagarzinho sinto que estou melhorando.

  2. Excelente dicas, Mario, valeu! Às vezes planejar demais também acaba nos atrapalhando, né? Tem dias em que tem que desapegar e fazer o que dá pra fazer, ao invés de não fazer nada porque não vai dar pra fazer como gostaríamos.